Os estudos no campo sociológico ligado ao mundo do trabalho têm sido unânimes em apontar que uma das preocupações mais evidentes dos trabalhadores é com a questão da estabilidade empregatícia. Os empregados também reconhecem essa verdade social, e muitas vezes lidam com ela como se estivessem diante de mais uma moeda de troca das relações trabalhistas. O fato é que, em tempos de recessão econômica elevada, mais ainda se eleva o medo do desemprego por parte das classes trabalhadoras.
Não estamos discutindo sobre um fenômeno recente. Desde que o capitalismo é capitalismo (vide as teorias de Karl Marx e tantos outros filósofos sociais), o sistema é assim: vivemos em um mundo onde a principal ferramenta de sobrevivência dos homens é a sua força de trabalho. E quando essa força de trabalho não encontra “compradores” que possibilitem como retorno o ganho de uma remuneração, a tendência que se esboça é a de desajuste social. As filas de pessoas disputado poucas vagas oferecidas nas agências de emprego de grandes centros urbanos demonstram claramente que hoje não apenas existe o dilema de se conseguir um emprego, mas também o de mantê-lo por um bom período de tempo.
A instabilidade empregatícia do setor privado, por exemplo, é o grande motor que empurra, todos os anos, no Brasil, multidões de candidatos a disputarem as vagas abertas nos órgãos públicos de todas as esferas do poder. Os concursos hoje são a única garantia de estabilidade no trabalho que se tem notícia. Fora isso, todo o resto é apenas a expectativa de algo bastante durável.
Por outro lado, há profissionais que acabam aprendendo a lidar com essa incerteza. É o caso, por exemplo, de comerciantes, autônomos, algumas classes de profissionais liberais e até mesmo os trabalhadores temporários, conhecidos hoje mais como freelancers. Para essas categorias, já não existe tanto assim aquele medo de ficar desempregado, pois a dinâmica socioeconômica a que estão subordinados acaba ensinando-lhes que o melhor caminho a seguir e persistir em meio à incerteza.
Acontece que esta não é uma realidade aplicável à maioria dos trabalhadores do mundo. Pertencemos a todo um sistema que propicia a existência plena das relações de trabalho tal como elas hoje se nos apresentam (um patrão, um empregado e a luta digna por um salário e a manutenção de toda essa harmonia social). Portanto, como sabemos que as crises são momentâneas, resta-nos torcer para essa crise da instabilidade logo seja atenuada.
Por Alberto Vicente
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